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#36 - NÊMESIS NO SERTÃO

  • Foto do escritor: viniciuscagnotto
    viniciuscagnotto
  • 28 de jul.
  • 1 min de leitura
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Espingarda, minha amiga,

Hoje vamos passear.

Um encontro diferente,

Um que não posso adiar.

Já estamos atrasados,

Venha cá, vou lhe lustrar.


Desalmado, outra vez?

Já não me aguento mais.

Sem descanso uma semana,

Ainda lembro da do cais.

O que fez o cabra agora?

Aposto, nada demais.


Não te aflige, queridinha,

Que do mar nós vamos longe.

Mas agora não entendo,

O remorso vem de onde?

Cabra me deve dinheiro

E só vive até as onze.


Descarado, sem vergonha,

Faz da vida uma arena.

Tu já sabe muito é bem,

A vingança nunca é plena,

A tevê já lhe dizia,

Mata a alma e envenena.


Não me venhas de conversa,

Tenho uma reputação.

Se me deves três garrafas,

Três tiros no coração.

Eu não fiz regra nenhuma,

Só respeito a tradição.


Tu não acha desmedida

Essa ânsia por vingança?

Desde quando uma birita

É passagem de herança?

Se insiste nessa vida,

Já já chega a cobrança.


Eu te volto outra pergunta:

A calúnia tem medida?

Cabra grita aos quatro ventos

Que azeda é minha bebida.

Não me paga o que me deve,

Depois eu sou homicida?


Homicida sim senhor,

Desonesto, me faz cúmplice.

Toda essa impulsividade

Reverbera apenas coice.

Mal pra ele, mal pra tu,

Eu no meio como foice.


Discutir não leva a nada.

Me irritou seu lamentar.

Vamos logo, tenho pressa,

Jurei, não vai escapar.

Eu também lamento muito,

Mas mãe hoje vai chorar.


Essa pressa é desleixo

E com ela me aproveito.

Me derrubo em chão seco

Em um ângulo perfeito.

Cabra macho perde o eixo,

Bala armada voa ao peito.

Deixa Eu Pensar | #36 - Nêmesis no Sertão

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