#27 - UMA ANTOLOGIA DE SOFIA - PARTE III
- viniciuscagnotto
- há 19 minutos
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CONTO 9 - NIETZSCHE
Sofia acendeu o lampião.
O mesmo cheiro de vela, a mesma cadeira, a mesma xícara com o fundo lascado.
A chaleira chiou no momento que ouviu baterem a porta. Sempre às sete.
Ela nem se virou quando ele entrou, apenas observou:
“De novo, então.”
O espírito sorriu.
Sofia serviu o chá… Mais uma vez.
CONTO 10 - GIORDANO BRUNO
Amarrado a um tronco, ele gritou:
“É INFINITO!”
O xingavam e humilhavam. Todos riam.
Frutas podres sujavam seu rosto. Todos riam.
Uma criança se aproximou e chutou sua canela. Todos riam.
Acenderam as chamas.
O calor insuportável o envolveu.
“É INFINITO!”
Ninguém mais riu. Sofia chorou.
CONTO 11 - ESPINOSA
Estava finalizando o polimento da última lente do dia quando ela entrou sem bater.
“Ainda tentando deixar tudo mais nítido?”
Ele segurou a lente contra a luz, fechando um dos olhos.
“Defina ‘nítido’.”
“Algo que não deixa dúvidas.”
“Então não é uma lente que procura, Sofia.”
Ela deu de ombros.
“Isso explica por que ninguém as compra.”
CONTO 12 - EPICURO
Sofia se divertia na companhia de amigos.
Sentavam na grama e dividiam o pão.
Um deles, incomodado, levantou-se:
“Que perda de tempo, tenho coisas importantes a conquistar.”
Anos depois ele retornou.
“Conquistei tudo o que queria.”
O pão ainda era dividido.
Sofia sorriu e entregou-lhe uma fatia.
“Sente-se e nos conte como é descobrir que já os tinha.”
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