#23 - A QUEDA DE ÍCARO
- viniciuscagnotto
- 20 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de abr.

– (Ai, lá vem Konstantino reclamar da vida de novo)
– Tarrrde, seu Theodoro, como tá ino o trabaio?
– Opa, seu Konstantino, vai indo, vai indo. E as ovelhas, se comportando hoje?
– Ah, hoje tão boazinha. Onti mi robaro duas, cê credita? Num to podeno perdê oveia não. Sabe que tá ruim lá em casa, né? Nossa, como aumentô os imposto, num é verdadi? Tamo conseguino pagá não.
– Calma, seu Konstantino, é só continuar fazendo o trabalho direitinho que vai dar tudo certo. Mais imposto é porque vem melhoria por aí. Quem sabe até para contratar mais segurança.
– Num sei não, os ladrão tão mais safado e ninguém tá veno. Mi robaro na luz de Hélio, o que num faz sintidu ninhum. Oro tanto pra ele e ele me dexa sê robado assim, oiando de frente os ladrão. É por isso qui tão robano tanto, os deus tão veno e ficano quéto.
– Cuidado, seu Konstantino, se ficar falando mal dos deuses assim pra todo mundo ouvir, coisa pior acontece. Agradece a Zeus que só levaram duas, podia ser pior. Nossa Creta pode estar passando por mudanças, mas elas vêm para o bem, você vai ver. Os deuses estão orquestrando coisas boas.
– Hum, sei. Mai mi conta, como tão as terra aí? Tá dando sustento?
– Não tenho do que reclamar, cultivam bem. O palácio limitou um pouco mais minha área semana passada, mas ainda dá pra plantar bastante.
– Qui bom, qui bom. Sabe, tão falano que tua muié tá desempregada, é verdadi?
– Ah, esse povo fofoqueiro. Está sim, seu Konstantino, mudaram umas leis recentemente e as mulheres acabaram perdendo os empregos na administração. Parece que tem a ver com o bem estar delas, alguma coisa de performance, não entendi direito. Mas é bom, Sofia se estressava muito lá. Falaram que é temporário, então é como umas férias pra ela, logo logo volta.
– Papo isquisito. As muié sempre trabaiaro bem. E comé que fica agora sem os dinheiro dela?
– Pois é, agora o cultivo precisa dar mais resultado, por isso ainda estou aqui nesse horário. Vou ficar mais um tempo ainda. Mas eu gosto de arar a terra, seu Konstantino. Igual você gosta de pastorear suas ovelhas.
– Tem tempo pra tudo, seu Theodoro, pra trabaiá e pra descansá. Parece que tão nos arrancano os tempo de descanso.
(AAAAAAAAAAAAAAAaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh)
(TCHBUM)
– Eita, qui baruiu é esse?
– Não ouvi nada, seu Konstantino, preciso continuar o trabalho aqui, ainda tem muita semente para plantar.
– Parecia um pássaro caino no mar. Óia, o seu Nikolau tá pescano, será que viu argo?
– Haha, de que jeito, seu Kontantino, ele não enxerga bem. Já está bem velhinho. Já devia ter se aposentado, pobre coitado. De qualquer forma, deixa eu continuar focado aqui.
– Não precisa ri do véio cegueta, as veiz ele viu. E otra, se ele se aposentá, morre de fómi, acabaro co as coisa de direito dos véio tudo… EI, SEU NIKOLAU, CAIU ARGUM PÁSSARO AÍ NAS ÁGUA?
– Ohhh, meu jovem, não vi nada não. Senti uma chacoalhada na vara aqui, até achei que era peixe, mas era só uma ondinha maior.
– Bom, vô levá as oveia pra casa. Quem sabe a janta já tá até pronta. Num vai fica a noite toda ai, seu Theodoro, que as noite tão mais pirigosa que os dia.
– Boa noite, seu Konstantino. Pode ficar tranquilo que eu sou bem atento.
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