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#1 - QUAL O MOTIVO DO MOTIVACIONAL?

  • Foto do escritor: Deixa Eu Pensar
    Deixa Eu Pensar
  • 11 de out. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 20 de out. de 2023










A era dos discursos motivacionais. Somos privilegiados por vivermos na mesma época de tantas pessoas de sucesso dispostas a compartilhar mensagens de sabedoria e frases impactantes que nos ajudam a alcançar nossos próprios objetivos, não é verdade?


Temos muito a agradecer a coaches, palestrantes, empresários e escritores que dedicam seu tempo para engrandecer a vida de outras pessoas e… vender cursos, imersões e livros de auto ajuda.


Não é curioso como a motivação, essa experiência momentânea de determinação, se tornou uma commodity inflacionada? Milhares de consumidores dessa mercadoria pagam caro para serem submetidos a discursos que elevam seus ânimos, prometendo mudança de vida e sucesso pessoal e profissional.


Mas será que esse êxtase, que nos proporciona determinação e nos faz sentir tão confiantes, realmente tem algum impacto na consciência das nossas ações?


A motivação tem sim o seu valor, mas na maioria das vezes apenas como estopim e não como filosofia de vida, ou como gostam de dizer, como mindset.


É claro que você quer estar motivado quando decide ser mais saudável e planeja entrar numa academia; é claro que a motivação vai te ajudar a iniciar aquele projeto pessoal que está na gaveta há alguns meses; é claro que a motivação vai te ajudar a trocar de emprego quando você está na zona de conforto mas continua trabalhando em um lugar que não consegue mais suportar.


Para todos esses casos e muitos outros a motivação pode ser um gatilho que fará a diferença na hora de tomar uma decisão.


Porém, mesmo ajudando, existe algo que é deixado de lado quando nos voltamos apenas para a motivação: a reflexão mais interna sobre nossas ações e objetivos. E para isso, a motivação não chega nem no joelho de tão rasa, quando sozinha.


Frases feitas com soluções subjetivas de fácil entendimento mas que não significam nada pelo seu generalismo, além de sua pouca utilidade uma vez que não considera a base, a vivência e a estrutura mental de cada indivíduo.


Você pode ler 20 livros de autoajuda, passar semanas assistindo vídeos motivacionais, seguir semanalmente podcasts com empreendedores que falam com autoridade sobre uma vida plena, e, ainda assim, nada mudar na sua vida.


A motivação é apenas um pico de dopamina ativada pela confirmação de verdades que já acreditamos sobre sucesso, produtividade, evolução e desenvolvimento. Esse pico ocorre não porque as palavras são profundas, pois não são, mas porque são clichês de rápida absorção e falam direto com nossas crenças, o que nos garante auto validação. E sempre são ditas por pessoas em posição social “superior” a dos ouvintes, garantindo, também, validação social.


Mas essa animação que mexe com nossas emoções é passageira e não dura algumas horas, ou alguns dias. Além de trazer frustração pela falha em seguir uma “receita de bolo” do que fazer para ser tão bem sucedido quanto o interlocutor, uma vez que nenhuma realidade é igual.


Não é porque você leu 5 livros de bilionários sobre como ser um bilionário, que você se tornará um. Mas os “motivadores” nos fazem acreditar que sim, e nos julgam incapazes e menos motivados quando não conseguimos alcançar os mesmos objetivos que pessoas de sucesso apenas com suas dicas de como se comportar, de qual horário acordar, de qual conteúdo consumir, de quais pessoas estar próximo, e tudo mais que poderia ser uma “escada” ilusória para o topo da felicidade tão desejada. Felicidade essa não criada pelo próprio indivíduo, mas sim o constructo aceito socialmente.


E assim, através da motivação, do coaching, da autoajuda barata, construímos, cada vez mais, um mundo onde mais pessoas são frustradas e ansiosas do que verdadeiramente felizes e em paz com suas vidas e rotinas.


E o mais astuto sobre o mercado da motivação é o seu fator viciante. Exatamente pelo fato de mexer com nossos hormônios de recompensa rápida, nos encontramos em uma relação tóxica com esse tipo de conteúdo. Públicos inteiros de palestras motivacionais podem sair sem ter aprendido efetivamente nada de novo para suas vidas, mas provavelmente vão dizer que foi uma das melhores experiências de suas vidas, simplesmente pelas alterações emocionais durante o evento.


Mas, e se ao invés de apenas seguirmos cegamente o passo a passo de outras pessoas, nós tentarmos descobrir o que realmente falta para alcançarmos algum tipo de plenitude em relação a nossa vida?


Afinal, quem botou na nossa cabeça que ser bilionário é o auge da felicidade para a espécie humana como um todo?


Não deveríamos estar questionando mais sobre o que realmente necessitamos e como devemos agir por conta própria, para assim entendermos o que será útil e essencial para nossa vida, considerando todas as nossas experiências e relações?


Nos questionar sobre nossas posições e crenças é um exercício para entendermos o porquê agimos e como agimos. Muito do que temos como concreto em pensamento é apenas fruto de repetições mentais de longa data impostas por relações externas a nós mesmos.


Você, por exemplo, já parou pra refletir o real motivo de almejar uma vida bilionária, quais pontos da sua rotina você desgosta ou então, mais simples que isso, o porquê de gostar ou não de algo do cotidiano, como músicas ou esportes? Talvez já, mas e se você tivesse que falar durante 10 minutos, entregando argumentos válidos e coerentes, explicando integralmente o porquê dessas ambições, gostos e hábitos que são tão valiosos para alcançar o grande sucesso que é vendido como ideal?


Pode ser mais difícil do que parece e, por exigir entendimento sobre sua crença já pré-construída, você pode se surpreender com o resultado desse estudo mais detalhado.


A reflexão sempre vai aprofundar nossos questionamentos e trará entendimento e clareza, nos fazendo modificar ou concretizar nossos pensamentos através de um exercício individual e que, depois de moldado, não se desvanece com facilidade, muito pelo contrário, se torna um tijolo a mais para nossa estrutura mental e servirá de base para novas reflexões cada vez mais profundas e importantes.


Logo, ninguém, além de nós mesmos, poderia chegar a conclusão do que é uma boa vida para nós ou o que estamos buscando com nossos esforços. E o entendimento do que isso significa, cabe apenas a nós descobrir, através de exercícios diários de reflexão profunda.


Com exercícios constantes sobre o que nos é valoroso, não apenas momentaneamente, mas a longo prazo, talvez possamos caminhar para uma vida um pouco menos estressante e regida pela imediatez do sucesso líquido, e assim, fugir de fórmulas prontas que resultam apenas em mais ansiedade e frustração.


Deixa eu Pensar | #1 - Qual o Motivo do Motivacional?

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